A
peça é sobre dinheiro, poder, valores. “Não quero ser só rico, quero ser
milionário”. A luta pelo poder dentro da família. Tão actual. Tudo gira à volta
de um grande negócio que uma família quer fazer para aumentar a sua riqueza.
Três irmãos, dois homens e uma mulher: Regina (Luísa Cruz), Ben (Virgílio Castelo) e Óscar (Marco
Delgado) . Revelam-se diferentes maneiras de pensar e
agir: quem olha a meios, quem não quer olhar a meios mas tem medo, e quem só
olha a fins. Os sonhadores, os sentimentais, os pragmáticos.
Regina tem pretensões de ir para NY e
apesar de parecer neutra quer ter uma palavra a dizer neste negócio. Tem a
vantagem de os dois irmãos precisarem do dinheiro do seu marido, Henrique (João
Perry) que está na Suiça há algum tempo a tentar tratar-se do coração.
As
melhores interpretações são as dos veteranos João Perry cuja papel é o do
marido doente que tem dinheiro mas que subiu a pulso. Era empregado do banco e
depois tornou-se dono dele. Está muito doente do coração e é do bem. Dá uma
lição à mulher quanto ao que ganha não é quem joga a última carta. Não há fins
perfeitos. Um João Perry que aparenta nesta peça ser mesmo doente e acabado.
A melhor aimulação de um ataque cardíaco
que vi até hoje. Apetecia saltar para o palco para ajudar. Morre de ataque
cardíaco por não conseguir alcançar o medicamento que a mulher não lhe dá.
Regina, mantém-se inerte, sentada no sofá, a vê-lo morrer em agonia.
Outra
grande interpretação é de Gracinda Nave, a Betty. A mulher boneca, a tonta,
aquela que só sabe tocar piano e que não pode ter opinião sobre nada. Bebe
demasiado para esquecer. O seu marido parece ter casado com ela por interesse,
apenas para juntar fortunas.
Esta
é uma adaptação para os dias de hoje de uma peça dos finais dos anos 30 de Lillian Hellman. Com
o elenco: Diana Nicolau, Eurico Lopes, Gracinda Nave, João Perry, Luisa Cruz, Marco Delgado, Pedro Caeiro, Sofia Cabrita e
Virgílio
Castelo.
Virgílio Castelo, aquele que interpreta talvez
o mais cínico, aquele que dizia as palavras da mãe “Consegue-se
tudo com um sorriso”, reconhece que perdeu mas que há mais vida para além deste
negócio, mais virão.
O desfecho é dramático e aberto. Nada do
que foi um dia voltará a ser.
Copyright: Teatro Aberto |
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