Ainda hoje, passados 4 anos, não consigo lembrar-me daquele
dia. Ainda hoje, depois de muita ajuda, de muitas palavras, de muitos
conselhos, de muitos químicos legais, de muitos comprimidos, de muitas
insónias, de noites e noites sem dormir, de muitas lágrimas vertidas, de muitas
lágrimas que secaram, continuo a ter medo daquele dia. E fechei-o em qualquer
lugar dentro de mim para nunca mais lá voltar. Não há nenhum dia que ao
lembrar-me de pequenas partes (que
aparecem sem avisar), a que imediatamente fujo, consigo não chorar. A maior
injustiça de todas. O maior mal que se fez a algumas pessoas com o objectivo de
se atingir apenas uma. O maior mal, o maior de todos, foi causado a duas
crianças. E uns pais que criaram filhas inaptas para enfrentarem como adultas a sociedade apoiaram
a birra e a maldade de uma filha contra o supremo interesse dos netos. O
tempo e a memória permanecerão. E essa verdade imutável será a que sempre terão
que se confrontar na vida. O peso do mal que fizeram. E eu só espero e peço que
estes (inúteis) quatro anos não tenham interferência (negativa) na
personalidade e carácter dos meus sobrinhos. Que sejam homens bons. Que a
maldade nunca lhes afecte o juízo. Que sejam sérios e honestos. Que nunca
precisem (mais) de mentir e de esconder o que sentem. Que se guiem sempre pela
frase “A verdade liberta”. Que parem de me pedir “eu quero ficar com o pai”
quando eu não tenho poder nenhum e quando eu nada nada posso fazer a não ser lutar
para que seja feita justiça. É com essa fé, com que nasci, e profunda convicção e
optimismo, nos homens, que espero que na terça seja feita justiça. Sem
represálias, sem vinganças, sem acertos de contas. Só pelo bem de duas crianças
que sabem (desde sempre o que querem) mas que sempre tiveram medo de falar a
verdade. Para que nunca mais na vida tenham medo daquilo que sentem e que a
partir de terça sejam seres humanos livres. “Não há mal que dure sempre, nem bem
que sempre acabe”.
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