Partiram, juntos, rumo a coisas diferentes. Eram
amigos há muitos anos. Ele ia atrás de um (possível) amor. Ela ia fazer-lhe
companhia. Dias antes da partida envolvera-se com uma pessoa. Não tinha sido
nada (relevante). (Talvez) uma promessa de (algum) futuro. Na penúltima noite,
antes do regresso, saíram. Na hora de irem embora do bar, alguém (re)conheceu-lhes
o idioma. Ele era alto, loiro, o fenótipo nórdico. O típico homem bibelot. Mas
entendia e falava (mal) português. Estivera um ano no Brasil. O tal do
português com açucar. Um encontro casual. Apenas isso. Um desconhecido. Falaram
muito e trocaram números de telefone e a promessa de um encontro no que seria o
último dia.
Abriu-se com um desconhecido. Contou-lhe tudo. Sem
medo de ser julgada e de se expor. Dos medos às paixões. Das fobias aos
deslumbramentos. Da vida à ficção. Do que era e do que gostaria que fosse.
Passaram a noite juntos. Na maior intimidade. Mas
não houve sexo. Como se aproveita o tempo que resta? Como se eterniza o
momento?
Há pessoas que escolhem culparem-se
por não ter acontecido, por não terem tido coragem de deixar acontecer, outras
escolhem deitar fora o mau, outras fazem por esquecer, outras reprimem-se,
outras não se permitem que aconteça, outras em dias menos maus preferem
acreditar que guardaram o bom. Nunca perder o momento é tudo. O que é o
fado e o destino? Como se os finta?
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