Ontem, onze de Outubro de
2017 foi o dia em que “o Ministério Público, do
Departamento Central de Investigação e Acção Penal, deduziu acusação contra 28
arguidos, 19 pessoas singulares e 9 pessoas colectivas, no âmbito da designada
Operação Marquês”. José Sócrates foi acusado de 31 crimes (3 crimes de corrupção passiva de titular de cargo
político, 16 crimes de branqueamento de capitais, 9 crimes de falsificação de
documentos e 3 crimes de fraude fiscal qualificada). A ser verdade
este enredo/tese, difícil de explicar e de perceber, e que os jornais e
televisões (muito eficientemente) tentam explicar em esquemas simples, deve
envergonhar-nos a todos. Há uma coisa que toda a gente sabe que é verdade: o
Sócrates é um mentiroso compulsivo, se é ou não uma patologia só os psiquiatras
poderão avaliar. Alguém se esqueceu da célebre entrevista à Clara Ferreira
Alves, cuja capa é uma foto de Sócrates casual no Altis de Belém, de blazer,
jeans e botins? Ainda ontem, a Clara Ferreira Alves dizia que não se considera
mal informada (e até ela foi magistralmente enganada nesta entrevista) na qual
Sócrates garantia que a única fonte de financiamento tinha sido um empréstimo
bancário de 120 mil euros da CGD (que segundo as contas que fizeram acabaria em
4 meses pelo volume de despesas que tinha). Já nesta altura pensei como é que
ele conseguia enganar toda a gente. Mas como diz o nosso Primeiro Ministro “há
o tempo da política e o tempo da justiça”. E pelos vistos, não se compadecem um
com o outro. Ofuscou, claro, o anúncio das candidaturas do “Menino guerreiro” e
do “Barão de Azeitão”. Deixou de se falar dos fogos que queimam tudo o que
aparece pela frente. E da qualificação de Portugal para o Mundial. Mais a Madonna que, coitadinha, não encontra casa em Lisboa.
Acho que o tempo é
essencial para tudo. Há um tempo certo. Santana Lopes estava tão bem com
Provedor da Santa Casa. Fez um óptimo trabalho e até criou os Prémios Santa
Casa para a área das Ciências da Saúde. Acho que foi um ingénuo quando aceitou
substituir o inqualificável Durão Barroso (que abandonou o barco em troca de
trono melhor) sem sei eleito. Acabou a perder tudo, quando ganharia facilmente,
se em vez de nomeado fosse eleito. Mas Sampaio, Durão e ele próprio não
entenderam assim e Sócrates foi eleito por maioria absoluta. Lembram-se? Perdeu
a liderança do PSD contra Ferreira Leite. Perdeu as eleições à Câmara de Lisboa
contra António Costa. Volta a ser candidato à liderança do PSD. O que o motiva?
Rui Rio quase não o
conheço para além de ter estado 12 anos à frente da Câmara do Porto. Dizem que
é um homem sério, austero e granítico (como a cidade de onde é). Deixou as
contas em ordem, toda a gente lhe reconhece o trabalho, mas fez do Porto uma
cidade apagada, principalmente, culturalmente. É dele a célebre frase que não
se podia gastar mais em cultura do que em acção social. Esquece-se, contudo,
que a cultura e a educação não são frutos que se colhem no tempo de duração de
um ou dois mandatos. No resto, tem alguns dos piores defeitos de um bairrista.
Se tivermos que comparar, tem muitas semelhanças com Passos Coelho, é obstinado
com números e contas, não é empático, não governa para a comunicação social,
não é mobilizador. Tudo o que o PSD não precisa neste momento.
José Eduardo Martins,
que participou na escrita do projecto político do PSD para a Câmara de Lisboa, lançou
ontem um “Manifesto PSD 2017 Nós, Sociais-Democratas”. É
um nome a ter em conta para os próximos anos se o PSD não quer ficar agarrado
aos mesmos do costume e se quer renovação que não inclua gente sem qualidades
como Hugo Soares e Duarte Marques. Tudo me afasta desta gente. Vamos ver em
quem agora esta canalha se vai pendurar.
O que os militantes do
PSD deveriam querer saber é qual dos dois candidatos se rodeará de gente mais
competente e afastará (de vez) os Hugo Soares, Duarte Marques, Miguel Relvas,
Marco António Costa, José Manuel Fernandes, e os arguidos Miguel Macedo,
António Vilela (faltar-me-ão muitos nomes, com certeza, mas ando desinformada
politicamente) e outros tantos desta vida. Já não tenho paciência para aqueles
Luís Filipe Arnaut, que estão sempre prontos para voltar aos lugares de poder e
que são eternos “ministeriáveis”. Mas como eu não voto, a minha opinião, vale o
que vale.
Ontem, dia marcante para a justiça portuguesa, fez um ano que vi fazer-se
justiça e a continuar a acreditar que não podemos deixar a esperança morrer.
Nunca devemos esmorecer nem deixar de lutar por aquilo que acreditamos, leve o
tempo que levar.
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