“Quando as tropas norte-americanas libertaram os campos de
extermínio nas áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou
que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem obrigadas a
visitá-los. Tudo ficou documentado. Vemos civis a vomitarem. Caras chocadas e
aturdidas, perante os cadáveres esqueléticos dos judeus que estavam na fila
para uma incineração interrompida. A capacidade dos seres humanos se enganarem
a si próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade dos
ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de ilusões e
preconceitos. O povo
alemão assistiu ao desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso.
Viu desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos, os
cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a hemorragia da
autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. Mas em 1945, perante as cinzas
e os esqueletos dos antigos vizinhos, ficaram chocados e surpreendidos...”
Viriato Soromenho Marques in DN
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