Compras em Chelsea e depois segui para Union Square onde era
o “Factory” do Andy Warhol. Uma mistura de estúdio com local onde tudo podia
acontecer. Nas festas que aconteciam lá todos queriam entrar mas poucos eram os
que conseguiam. Hoje, desses tempos, sobra apenas o parque e a estátua
intemporal prateada do Warhol. Não sei se é porque tenho mais tempo e mais
disponibilidade para prestar atenção mas acho que NY está com mais sem-abrigo.
Já não reconheço os mendigos que habitam a paragem do 1 na 168... nem os da
116...No entanto, não pude deixar de reparar que os novos habitantes dos
bancos, são muito jovens. Hoje duas das pessoas que esperavam pelo metro junto
a mim eram dois viciados ou doentes mentais. Não consegui distinguir. Um
imitava vozes de desenhos animados e inventava diálogos e diferentes vozes
entre elas. O outro, era mais velho, e tinha apenas um dente no maxilar
superior. Ria-se muito. Estava num monólogo mas que para ele deveria ser um
diálogo. Numa altura em que discute tanto o estado social em Portugal, faz-nos
bem sair da nossa realidade e perceber como o mundo é bastante mais injusto que
o nosso país. Em NY as pessoas são invisíveis. Aqui nada é de graça! Um destes
dias uma pessoa gritava no metro enquanto apelava à caridade das outras: “Do
not lose your apartment”. Um desempregado aqui cai de repente na miséria. Não
existe estado social que lhe valha. Não tem qualquer tipo de subsídio. Estou sentada no Whole Foods de Union Square
a olhar para azáfama de pessoas e carros que se confundem. Vou à Barnes &Noble, um edifício de vários andares, lindo. Procuro uma cadeira para me sentar
mas nada. Há 6 meses atrás era possível sentar no chão. Agora por razões de
segurança, já não. Passo em frente à New York Film Academy em direcção à
Strand. Impossível não me perder... mas como nõ imagino como vou levar o que já
acumulo... limito-me a 3 livros...
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