Quem
chega ao Rio de Janeiro e vê o fabuloso Parque do Flamengo não saberá, na sua
maioria, que foi uma mulher que o idealizou. Lota de Macedo Soares foi a
responsável pela construção do Parque do Flamengo. Uma mulher discreta,
tímida, avançada para a época, cultíssima e vanguardista. Estudou muita coisa
mas não recebeu qualquer diploma. Por esse motivo foi muito criticada, na época, por não ter uma formação
académica formal e por ter sido amiga do então governador Carlos
Lacerda. Em Samambaia, perto de Petrópolis, idealizou também uma casa
com 4 elementos chave: cimento, vidro, metal e pedra. A rigidez do metal, a
fragilidade do vidro, o brilho e a rugosidade das pedras do rio coexistiam numa
harmonia perfeita. Esta casa simboliza a paixão de Lota pela arquitectura
moderna.
O seu
nome está essencialmente ligado à escritora americana Elizabeth Bishop com quem
viveu mais de uma década. Bishop é uma das maiores poetisas americanas, vencedora
de alguns dos mais importantes prémios literários, incluíndo o prémio Pulitzer.
Bishop aparece descrita no livro como “
uma senhora de cabelos brancos e olhos tristes”. Teve uma infância infeliz. O pai morreu
quando ainda era criança e a mãe morreu internada num hospital psiquiátrico. Era
asmática e alcoólica, “...quando começava a beber não conseguia parar. Bebia
até ficar inconsciente”.
Ocorreu-me agora falar do filme “Flores Raras”,
cujo argumento se baseia no livro “Flores Raras e banalíssimas” de Carmen L. Oliveira que li há muitos anos, e por causa do filme, reli há pouco.
As críticas dizem que este filme de Bruno Barreto
ficou entre os preferidos do público no Festival de Berlim. Foi também
seleccionado para o Festival de Tribeca a realizar-se em NY entre 17 e 28 de
Abril. A não perder!
Um dos livros de Elizabeth Bishop começa com a
dedicatória a Lota de Macedo Soares:
“...O dar-vos quanto tenho e quanto posso,
Que quanto mais vos pago, mais vos devo”
Camões
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