terça-feira, 2 de abril de 2013

O "embaixador" nomeado pelo Relvas


Leio no “Dinheiro vivo” que o Relvas acaba de nomear para embaixador do programa “Impulso jovem” o “vendedor de banha da cobra” Miguel Gonçalves "que conheceu no you tube". Para quem ainda não chegou lá é aquele que fala como quer para quem quer em programas de tv e toda a gente bate palmas às suas palhaçadas. Esta é a versão universitária do Tino de Rans, que na sua humildade e simplicidade protagonizou um inflamado discurso num congresso do PS e cumpriu o seu sonho ao “tascar” um abraço ao seu camarada Guterres. Estes exemplos são comuns em todas as aldeias, vilas, cidades pequenas e afins. O problema é estes casos serem usados como casos de sucesso, quando na verdade, são o motivo da risota popular de que o nosso caro Eça falava no seu tempo, mas que se mostra mais actual do que nunca. Podem acusar-me de inveja deste Miguel Gonçalves (não confundir com o Miguel Gonçalves Mendes realizador do "José e Pilar"). Mas um bocadinho de aprumo no seu discurso não lhe ficaria mal: “eu queria falar cumbosco”; “a berdadeira rebuluçon”; “eu andei sempre de mangas arregaçadas” e com sound bites baratos e de qualidade duvidosa (“uns choram outros vendem lenços”, “pimenta no cú dos outros é refresco”). Para acrescentar, claro que nem tudo o que este senhor diz é verdade... Neste video (11:27 até 11:58) este senhor diz assim: “Um dos melhores exemplos que conheço é a minha cara-metade, Tânia. Tinha um sonho maior que era ser professora universitária. Trabalhou a licenciatura inteira para acabar o curso com uma média galáctica. Aos 22 foi professora de Economia na Universidade do Minho. Esteve lá 6 meses. Detestou. Não era a paixão dela, afinal de contas. Mas ela começou tudo de novo. E foi aquela experiência que lhe permitiu perceber que ela gostava muito daquele ambiente da academia. E foi uma das primeiras pessoas na Europa a criar um instituto europeu de excelência...”.  Este senhor que faz discursos públicos, e não entre quatro paredes para alguns amigos, tem que ter mais atenção com o que diz. Mesmo que queira vender irrealidades. Claro que sabemos que a realidade não é tão bonita como a ficção. Há uma figura de estilo que se chama hipérbole. E eu prefiro usar esta palavra para definir esta parte do discurso. De facto, a cara-metade dele, não criou nenhuma rede de excelência nem a ajudou a criar. Mas foi, de facto contratada para trabalhar nesta rede de excelência europeia, tal como eu e outras dezenas de pessoas. Os louros devem ser atribuídos, de facto, a quem idealizou e concebeu esta rede de excelência que foi antes de eu entrar para o grupo. Eu lembro-me do dia em que se soube. Eu era um “bebé de fraldas”, uma estagiária naquele tempo. Lembro-me das comemorações no lab, mas de facto, a cara-metade deste senhor ainda não estava no grupo e como tal, não criou nenhuma rede de excelência. Miguel Gonçalves,  na conferência de imprensa quando questionado sobre as políticas do governo e sobre austeridade, responde: “Estais a tentar apanhar-me de um lado e do outro. Eu não sei. Faz perguntas importantes.... “Faz uma pergunta que consiga responder...”.Este senhor que cita Platão e Pessoa não sabe opinar sobre o governo que o contrata? 


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