Leio no “Dinheiro vivo” que o Relvas acaba de nomear para
embaixador do programa “Impulso jovem” o “vendedor de banha da cobra” Miguel
Gonçalves "que conheceu no you tube". Para quem ainda não chegou lá é aquele que fala como quer
para quem quer em programas de tv e toda a gente bate palmas às suas
palhaçadas. Esta é a versão universitária do Tino de Rans, que na sua humildade
e simplicidade protagonizou um inflamado discurso num congresso do PS e cumpriu
o seu sonho ao “tascar” um abraço ao seu camarada Guterres. Estes exemplos são
comuns em todas as aldeias, vilas, cidades pequenas e afins. O problema é estes
casos serem usados como casos de sucesso, quando na verdade, são o motivo da
risota popular de que o nosso caro Eça falava no seu tempo, mas que se mostra
mais actual do que nunca. Podem acusar-me de inveja deste Miguel Gonçalves (não
confundir com o Miguel Gonçalves Mendes realizador do "José e Pilar"). Mas um bocadinho de aprumo no seu discurso não lhe ficaria mal: “eu queria falar cumbosco”; “a
berdadeira rebuluçon”; “eu andei sempre de mangas arregaçadas” e com sound
bites baratos e de qualidade duvidosa (“uns choram outros vendem lenços”, “pimenta
no cú dos outros é refresco”). Para acrescentar, claro que nem tudo o que este
senhor diz é verdade... Neste video (11:27 até 11:58) este senhor diz assim: “Um
dos melhores exemplos que conheço é a minha cara-metade, Tânia. Tinha um sonho
maior que era ser professora universitária. Trabalhou a licenciatura inteira
para acabar o curso com uma média galáctica. Aos 22 foi professora de Economia
na Universidade do Minho. Esteve lá 6 meses. Detestou. Não era a paixão dela,
afinal de contas. Mas ela começou tudo de novo. E foi aquela experiência que
lhe permitiu perceber que ela gostava muito daquele ambiente da academia. E foi
uma das primeiras pessoas na Europa a criar um instituto europeu de
excelência...”. Este senhor que faz
discursos públicos, e não entre quatro paredes para alguns amigos, tem que ter
mais atenção com o que diz. Mesmo que queira vender irrealidades. Claro que
sabemos que a realidade não é tão bonita como a ficção. Há uma figura de estilo
que se chama hipérbole. E eu prefiro usar esta palavra para definir esta parte
do discurso. De facto, a cara-metade dele, não criou nenhuma rede de excelência
nem a ajudou a criar. Mas foi, de facto contratada para trabalhar nesta rede de
excelência europeia, tal como eu e outras dezenas de pessoas. Os louros devem
ser atribuídos, de facto, a quem idealizou e concebeu esta rede de excelência
que foi antes de eu entrar para o grupo. Eu lembro-me do dia em que se soube.
Eu era um “bebé de fraldas”, uma estagiária naquele tempo. Lembro-me das comemorações
no lab, mas de facto, a cara-metade deste senhor ainda não estava no grupo e
como tal, não criou nenhuma rede de excelência. Miguel Gonçalves, na conferência de imprensa quando questionado sobre as políticas do
governo e sobre austeridade, responde: “Estais a tentar apanhar-me de um lado e do
outro. Eu não sei. Faz perguntas importantes.... “Faz uma pergunta que consiga responder...”.Este senhor
que cita Platão e Pessoa não sabe opinar sobre o governo que o contrata?
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